quarta-feira, 8 de abril de 2009

Tráfico de crianças - Portugal pode estar numa rota vinda do Iraque

Portugal poderá estar na rota de uma megarede de tráfico de crianças vindas do Iraque. As suspeitas foram levantadas pela polícia de investigação iraquiana e as autoridades portuguesas, Polícia Judiciária e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, vão investigar a denúncia.
"Estamos atentos e vamos pedir mais informações às autoridades locais iraquianas e a outras congéneres internacionais", disse Pedro do Carmo, director adjunto da PJ, ao "Diário de Notícias". "Os casos que existem em relação ao tráfico de crianças são muito pontuais", acrescentou Pedro do Carmo. "Em Portugal, ocorreram apenas dois casos de tráfico de crianças em 2005", revelou.
Já o porta-voz do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) afirmou ao DN, "desconhecer por completo a situação", mas reconhece "ter referência de alguns países europeus, designadamente do Norte da Europa e com particular destaque para a Suécia, onde a imigração de origem no Iraque se tem vindo a sentir fortemente nos últimos anos, inclusivamente em matéria de asilo e refugiados". "Quando se fala de iraquianos, Portugal não tem tradição nesse domínio", sublinhou o porta-voz do SEF. O Observatório do Tráfico de Seres Humanos revelou que "acompanha 139 casos sinalizados de possível tráfico de pessoas em 2008" mas nenhum com origem no Iraque.
"Os casos sinalizados pelo observatório como tráfico de seres humanos têm origem na América Latina e nenhum deles está relacionado com o Iraque", frisou Victor Santos, responsável pelo organismo, à Lusa.
Preços variam entre os 150 e os três mil euros
A informação de que Portugal poderia estar envolvido nesta rede foi avançada pelo jornal britânico "Guardian" que cita um dos responsáveis iraquianos pela investigação segundo o qual "todos os meses são vendidos 15 menores por preços que variam entre os 150 e os três mil euros, consoante o estado de saúde da criança, para países como a Jordânia, Turquia, Síria, Suíça, Irlanda, Reino Unido, Suécia e Portugal". Alguns dos menores seriam para adopção e outros para redes de pedofilia. As autoridades iraquianas identificaram 12 gangues que se apresentam às famílias como membros de Organizações não Governamentais. Os traficantes tratam de toda a documentação necessária para que as crianças possam abandonar o país, como certidões de nascimento, alteração do nome e indexação da criança no passaporte do intermediário.
Trinta e nove por cento da população iraquiana tem menos de 15 anos, ou seja mais de cinco milhões e meio. "A investigação no Iraque está a ser muito difícil. A corrupção em muitos departamentos do Governo torna o nosso trabalho complicado porque quando as crianças chegam ao aeroporto ou à fronteira tudo parece estar legalizado e é difícil mantê-las dentro do país se não tivermos fortes provas de que as crianças estão a ser traficadas", acrescentou o coronel iraquiano Firaz Abdallah ao "Guardian".

Rtp

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