A geada que se tem formado nas últimas semanas na região da Beira Interior, sobretudo no distrito da Guarda, destruiu por completo algumas culturas – principalmente aquelas árvores que já estavam mais adiantadas –, comprometendo as próximas colheitas de azeite, vinho, batata e algumas frutas e legumes.
Os agricultores falam em calamidade e no agravamento das suas já difíceis condições de subsistência.Ao que o CM apurou, a produção olivícola da região da Guarda tem sido seriamente afectada pelo gelo que se forma durante a noite. Em Ratoeira, no concelho de Celorico da Beira, a geada destruiu cerca de três mil oliveiras que estavam prontas a produzir já este ano.
Manuel Cunha, proprietário da quinta, salienta que os prejuízos rondam os cem mil euros. "É uma desgraça. As geadas têm sido de tal forma fortes que queimaram por completo as árvores, pelo que têm de ser substituídas", lamenta-se o agricultor, de 70 anos, confessando que tem "cada vez menos vontade" de trabalhar as terras. "Da noite para o dia perdi três anos de trabalho e um grande investimento. Agora vou ter de começar tudo de novo", refere Manuel Cunha que não tinha a colheita coberta por qualquer seguro.
Este produtor lamenta ainda a falta de atenção das entidades responsáveis pela agricultura, nacional e regional. "Ninguém neste País se preocupa com os agricultores, que estão cada vez mais pobres", desabafa o empresário, que teve de ir ao viveiro comprar novas árvores para plantar. Os agricultores dizem que este ano as geadas "estão mais fortes" do que é habitual, muito por culpa da ausência de chuva e por o arrefecimento nocturno ser muito acentuado. "Há anos caíram nevões e queimavam as culturas e árvores. Agora geadas como as de este ano é que nunca tinha visto", afirma Fernando Silva, agricultor que trabalha naquela quinta do concelho de Celorico da Beira.
José Paiva / Correio da Manhã
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