Os trabalhadores da fábrica Efilã, com sede em Trinta, Guarda, assistiram ontem ao desmantelamento da empresa, que já era esperado Os trabalhadores da fábrica Efilã, com sede em Trinta, Guarda, concentraram-se junto das instalações da empresa, depois de terem indicações da administração de que a mesma 'não vai abrir', após um período de suspensão de contratos de trabalho.
Segundo o operário Mário Teles, 57 anos, que trabalhou durante 40 na empresa de fiação e cardação, os cerca de 60 operários estavam com os contratos suspensos desde Abril deste ano, mas na semana passada a administração reuniu com os trabalhadores e anunciou que 'já não abria', as portas.ontem, os operários deram conta da chegada de três camiões às instalações da fábrica e abeiraram-se dos portões para verem 'com os próprios olhos o fim da empresa', como disse o mesmo trabalhador.
Mário Teles contou que, em Abril, a administração 'começou a dizer que não havia trabalho, suspendeu os contratos e mandou embora', os trabalhadores.'Ainda ficaram cinco a trabalhar, mas chegaram a um acordo com o patrão e saíram em Junho. Agora, na semana passada, fez uma reunião connosco e disse que já não abria', relatou, com desânimo. Adiantou que os operários estão com dois meses de salários em atraso e subsídio de Natal.
O Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Alta está ao corrente da situação e já disponibilizou um advogado para apoiar os desempregados. 'Já falámos com o advogado e vamos avançar para Tribunal. Para além dos salários em atraso, queremos as indemnizações e tudo aquilo a que temos direito', disse à Lusa o mesmo operário.Em relação ao seu futuro, admitiu que não lhe restará outra alternativa a não ser 'a reforma', 'Com 57 anos, para onde hei-de ir?', questionou.
Ao seu lado, a operária Maria José, 46 anos, com 16 anos de trabalho na fábrica, comentava que a concentração realizada durante a tarde de ontem junto do portão da empresa serviu para os desempregados 'terem a certeza que a fábrica iria fechar', 'Vimos os camiões e viemos ver. Matéria-prima não estão a pôr, eles estão é a tirar as máquinas', explicou. 'Nós não vamos tentar impedir [a saída dos camiões] porque não vale a pena', disse Mário Teles, resignado. Ilídia Saraiva, de 42 anos, que trabalhou 24 anos na empresa, também saiu à rua para assistir ao momento. 'O fecho da fábrica não nos surpreende.
Nós só aqui viemos para verificar o que se estava a passar', justificou. Portas fechadas. Os trabalhadores reivindicam os pagamentos devidos .
Um fecho no seguimento de outro
Restam duas empresas, com 200 pessoas 'É triste ver uma coisas destas', admitiu a trabalhadora da Efilã, Ilídia Saraiva, perante o encerramento da fábrica, considerando que, no seu caso, com 42 anos, fica 'num beco sem saída', em termos de emprego. 'Aqui nas redondezas já não tenho emprego. Não sei como vai ser o meu futuro', referiu. A Agência Lusa procurou obter esclarecimentos junto da administração, mas os contactos feitos à porta do escritório da empresa revelaram-se infrutíferos.
Em Maio deste ano, a aldeia de Trinta, que tem o epitáfio de 'aldeia da indústria e da luz [eléctrica]', também assistiu ao fecho da fábrica têxtil Jopilã, que lançou 36 operários para o desemprego. Na freguesia estão apenas duas empresas a laborar, empregando cerca de 200 pessoas. Nas fábricas desta localidade do concelho da Guarda trabalham habitantes daquela aldeia e também das freguesias vizinhas de Corujeira, Fernão Joanes, Meios e Videmonte.
As instalações já começaram a ser desmanteladaDiario XXI
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