sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Cavaco Silva considera combate à desertificação do interior "desígnio nacional"

O Presidente da República reafirmou hoje na Meda que o combate à desertificação das regiões do interior do país deve ser assumido como "um verdadeiro desígnio nacional".
Cavaco Silva, que falava na sessão inaugural da nova Biblioteca Municipal da cidade, afirmou que a desertificação "que atinge boa parte do território nacional" é "uma responsabilidade dos políticos, aos vários níveis" e é também "uma responsabilidade de todos". "Portugal não pode ser um país tão desequilibrado na distribuição da população entre o litoral e o interior, porque isso põe em causa a coesão territorial do país", defendeu. Para o Presidente da República, que falava num concelho do interior, equipamentos como aquele que hoje inaugurou "são factores de desenvolvimento" que contribuem para a retenção da população.
A existência de equipamentos "sociais e culturais de qualidade" nos concelhos mais distantes do litoral "é um contributo para combater a desertificação que atinge boa parte do território nacional", indicou.
Cavaco Silva reconheceu, no seu discurso, que "há alguma tendência para esquecer o interior do nosso país"."Tenho percorrido quase todos os concelhos do interior de Portugal e não me tenho cansado de chamar a atenção para essa responsabilidade, que é de todos, e também do Presidente da República", disse.
Referindo-se ao caso concreto do concelho da Meda, o Chefe de Estado considerou ser necessário que existam boas vias de ligação ao litoral, à Guarda (capital de distrito), a Espanha e à Europa.
"Espero que o avanço na construção do IP2 (que liga Guarda a Bragança), possa ajudar na ligação de Meda ao litoral e à nossa vizinha Espanha", referiu. Cavaco Silva também defendeu a necessidade de serem criadas as condições para a instalação de empresas no concelho "e se possa fazer um melhor aproveitamento dos produtos locais, dos produtos de qualidade, que eles possam ser colocados no mercado". Considerou que esta é uma aposta necessária para "conseguir reter os jovens aqui na Meda", salientando que na área do município existem potencialidades ao nível da agricultura e do turismo.
Na sua intervenção, recordou que "num espaço relativamente curto" inaugurou três Bibliotecas em concelhos do interior - Vila de Rei, Guarda e Castelo Branco.
"No passado, equipamentos como estes só se encontravam nas grandes cidades, foi uma discriminação injustificada", considerou. Acrescentou dizendo que "agora, felizmente, os poderes públicos, em colaboração com as Câmaras Municipais, estão a criar condições para que aqueles que vivem em cidades como a Meda, ou outras, possam ter acesso a equipamentos culturais de qualidade". O presidente da Câmara, João Mourato, disse que a Biblioteca Municipal hoje inaugurada significa mais uma aposta da autarquia no sentido de contribuir para que "as pessoas não queiram sair daqui".
Apesar de considerar que "a terra tem quase tudo", o autarca lamentou "a falta de pessoas" e disse que "o interior merece mais, Portugal tem de ser litoral e interior, não pode ser só litoral".
"Este é um equipamento que nos orgulha", disse o autarca que entregou a chave da cidade ao Presidente da República. A Biblioteca Municipal de Meda, construída junto da Casa Municipal da Cultura, custou cerca de 1,5 milhões de euros. Possui cerca de 25 mil litros e um acervo de cerca de oito mil, oferecidos por Augusto César de Carvalho, antigo presidente da Câmara e ex-Governador Civil da Guarda. O edifício tem dois pisos, possui sala de leitura de adultos e infantil, espaços para leitura presencial e utilização de computadores, entre outros.

RTP / LUSA

Sem comentários: