Os grupos de risco da primeira fase incluem as grávidas no segundo e no terceiro trimestres de gestação com patologias associadas, os profissionais de saúde considerados insubstituíveis, os titulares de órgãos de soberania e os trabalhadores cujas funções sejam encaradas como imprescindíveis. As autoridades sanitárias esperam vacinar, a partir da próxima semana, cerca de 15 mil profissionais de saúde. Dez mil doses destinam-se a grávidas e outras 30 mil a profissionais de várias empresas. As grávidas com mais de três meses de gestação e com uma doença crónica associada devem, de acordo com a ministra Ana Jorge, apresentar-se nos centros de saúde com uma declaração assinada pelo respectivo médico assistente ou com o Boletim de Saúde da Grávida.
"Devem perguntar ao seu médico assistente se estão no grupo para serem vacinadas ou não. É um mecanismo. O outro foi informado a todos os serviços públicos de saúde, através de uma carta dirigida aos directores clínicos dos hospitais, às administrações dos ACS [Agrupamentos de Centros de Saúde] e aos directores dos serviços de obstetrícia para lhes pedir a colaboração na identificação das grávidas", adiantou a governante em conferência de imprensa. O Ministério da Saúde encomendou seis milhões de doses da vacina Pandremrix à GlaxoSmithKline com vista à vacinação de 30 por cento da população. As autoridades admitem, no entanto, que essa percentagem venha a aumentar. Isto porque a dose a administrar às crianças corresponde a metade da dose para os adultos. Dentro de três semanas, chega a Portugal a segunda tranche de vacinas. As estimativas apontam para vacinação de 360 mil pessoas reunidas no Grupo A, de um milhão no Grupo B e das demais no Grupo C, até perfazer três milhões. Até ao final do ano, prevê-se a chegada de um milhão de doses.
De acordo com uma circular enviada na terça-feira às entidades empregadoras, os profissionais referenciados para vacinação terão de apresentar uma declaração emitida pela própria DGS, pela Administração Regional de Saúde ou pelas direcções regionais de saúde dos Açores e da Madeira e validada pelas empresas. As vacinas serão administradas "no respectivo agrupamento de centros de saúde". As declarações são emitidas em dois formatos: "Nominal", emitida em nome do trabalhador, tal como acontece com os profissionais da Linha Saúde 24, ou "Unitária", que terá de ser completada e validada com o carimbo e a chancela de um responsável da entidade empregadora. "Em ambos os casos os trabalhadores deverão contactar o serviço de vacinação do Agrupamento de Centros de Saúde da área de residência, munidos da declaração, a fim de serem vacinados", lê-se na circular da Direcção-Geral da Saúde. Em casos de excepção, as vacinas podem ser administradas em locais diferentes, mediante um acordo entre a empresa e a respectiva Administração Regional de Saúde.
A quatro dias do arranque da campanha de vacinação, a jornalista da Antena 1 Paula Veran constatou que nem todos os centros de saúde se mostram preparados para receber os utentes munidos de uma declaração. Num primeiro contacto com um Centro de Saúde, a jornalista da rádio pública foi informada de que teria de marcar uma consulta com o médico de família, que só estaria disponível a 13 de Novembro. À segunda tentativa, uma fonte da mesma unidade confessou que não estava ao corrente de quaisquer directivas. Por seu turno, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo remeteu para a DGS. O próprio director-geral de Saúde, Francisco George, acabaria por afirmar que os centros de saúde "têm de estar" esclarecidos, afastando a necessidade de uma consulta com o médico de família antes da administração da vacina contra o vírus H1N1. As primeiras 54 mil doses da vacina Pandremrix chegaram a Portugal no dia em que foram confirmados seis casos de infecção pelo vírus da Gripe A em alunos de uma turma da Escola Básica 2/3 da Costa de Caparica.
"Existem, para já, seis casos confirmados de H1N1 numa turma do quarto ano. Estamos a aguardar a confirmação de mais dois casos e, como medida preventiva, os alunos dessa turma ficarão em casa até sexta-feira", adiantou a delegada de Saúde do concelho, Fátima Dias, citada pela agência Lusa. Também ouvido pela agência de notícias, o director do Agrupamento Vertical de Escolas da Costa de Caparica, João Fonseca, garantiu que "a escola está a cumprir escrupulosamente o plano de contingência e todas as indicações das autoridades". "Os casos de Gripe A foram confirmados esta manhã e seguimos os procedimentos estipulados. Os alunos foram encaminhados para uma sala de isolamento e posteriormente para o Centro de Saúde. De resto, a escola está a funcionar plenamente e dentro da normalidade", concluiu.
Carlos Santos Neves/RTP
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