A partir desta segunda-feira, a campanha de vacinação contra a gripe A vai abranger todas as crianças até aos dois anos de idade, apesar de, inicialmente, a segunda fase da iniciativa ser destinada apenas aos doentes crónicos e profissionais de saúde em contacto directo com doentes. A decisão de antecipar a vacina do chamado Grupo C foi tomada após o Ministério da Saúde o ter considerado prioritário na prevenção e combate ao vírus H1N1. De acordo com o calendário inicial, as crianças saudáveis, entre os seis e os 24 meses, só começariam a ser vacinadas mais tarde, em função da chegada de novas doses de vacina. Os pais das crianças abrangidas nesta fase, cerca de 145 mil, devem contactar os centros de saúde e fazer-se acompanhar apenas do Boletim de Nascimento ou da Cédula de Saúde.
«Além dos doentes crónicos, dos profissionais de saúde e dos profissionais essenciais ao funcionamento do País, temos também esta possibilidade», explicou a ministra da Saúde, Ana Jorge. As vacinas chegam em frascos de 10 doses e é necessário organizar a sua aplicação, no sentido de não haver desperdícios, já que, uma vez aberta, a substância dentro dos frascos tem apenas 24 horas para ser usada. É por este motivo que os pais devem marcar o dia e a hora em que podem vacinar os filhos. «A actividade gripal centra-se ainda predominantemente em ambiente escolar», adiantou o último relatório semanal da tutela sobre a evolução do vírus, cuja incidência triplicou nas escolas do País entre 2 e 8 de Novembro, afectando 191 estabelecimentos de ensino.
Todas as grávidas devem ser vacinadas...
O especialista em obstetrícia Luís Graça afirmou hoje que a associação entre a morte de um feto e a vacinação contra a gripe A foi circunstancial, sublinhando que, se a autópsia revelasse uma ligação, seria o primeiro caso no mundo. Uma grávida de 34 semanas perdeu o bebé no sábado, três dias depois de ter sido vacinada contra o vírus H1N1, dois factos que os familiares suspeitam que estejam ligados, mas que o hospital diz não ser possível relacionar.
«Esta associação é meramente circunstancial, pelo menos, até que haja uma nova explicação para este caso», disse à agência Lusa o presidente do colégio de especialidade da Ordem dos Médicos de ginecologia e obstetrícia.O médico adiantou que, caso fosse estabelecida uma ligação, seria o «primeiro caso no mundo». «Isso é uma situação que não está descrita e, a acontecer neste caso, seria a primeira do mundo», sustentou, comentando que não será «muito lógico» estar a tirar-se essa ilação.Neste momento, acrescentou, «posso dizer que se esta senhora não tivesse sido vacinada, provavelmente, esta morte fetal perto do termo aconteceria na mesma».
Luís Graça explicou que a morte interina perto do termo é uma situação que acontece, registando mais de 300 casos por ano em Portugal. Segundo o responsável, são mortes inexplicáveis de fetos normais, que podem ser associadas, «muito indirectamente, à morte súbita do recém-nascido». Ressalvou ainda que, enquanto não forem revelados os resultados da autópsia não se pode tirar outras ilações, porque o bebé pode ter morrido por uma quantidade de causas relacionadas com malformações da placenta, com circulares do cordão umbilical, entre outras situações que nada tem a ver com o facto de a grávida ter sido vacinada contra a gripe.
O médico sublinhou ainda a segurança da vacinação antigripal nas grávidas: «É mais seguro uma pessoa ter contacto com o vírus da gripe morto do que ter o contacto com o vírus da pandemia». «O risco é muito maior se uma grávida for infectada com o vírus da gripe», sustentou, lembrando que, apesar de a doença ser benigna a maior parte das vezes, as grávidas têm um risco dez vezes superior de ter uma complicação do que a população em geral.«A grávida deve ser imunizada sem ter qualquer tipo de receio», reiterou o médico. Os resultados da autópsia ao feto deverão ser conhecidos «a meio da semana», disse uma fonte oficial do Ministério da Saúde à Lusa. «A autópsia será feita no hospital Egas Moniz o mais rapidamente possível, mas só hoje saberemos quando ela será feita», disse uma fonte oficial do Ministério da Saúde à Lusa.
Diário Digital / Lusa
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