quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Trancoso não quer pertencer à Unidade Local de Saúde da Guarda

Com a excepção feita aos municípios de Aguiar da Beira e de Foz Côa, todos os restantes Concelhos deveriam integrar a Unidade Local de Saúde da Guarda, mas pode não ser bem assim. A Assembleia Municipal de Trancoso decidiu, no final de Setembro, manifestar-se contra a integração na ULS da Guarda, solicitando ao Ministério da Saúde a associação deste município à futura Unidade Local de Saúde de Viseu.
A Assembleia Municipal de Trancoso aprovou uma moção, por larga maioria, e ratificada pelo município, onde vinca a vontade de incluir o Concelho na futura Unidade Local de Saúde (ULS) de Viseu, em detrimento da ULS da Guarda.
Esta decisão é, para já, inédita, visto que a Unidade Local de Saúde da Guarda, anunciada há cerca de um ano, e formalizada recentemente, com a nomeação do Conselho de Administração, deveria congregar os Hospitais da Guarda, de Seia, e 12 Centros de Saúde, com a exclusão inicial dos concelhos de Aguiar da Beira, que ficará ligada à estrutura de cuidados de saúde de Viseu, e Foz Côa.A Assembleia Municipal de Trancoso critíca os cuidados de saúde que se praticam no Distrito e, por isso, reivindicam a integração na estrutura viseense.
Na Moção pode ler-se que “no distrito da Guarda não existem estruturas públicas de saúde com padrões de qualidade” acusando a Assembleia que “o Hospital da Guarda é uma não realidade, sucessivamente adiada, continuando por requalificar, carecendo de recursos humanos e técnicos”. Os deputados municipais de Trancoso referem no documento que, para além de existir uma constante indefinição de políticas quanto à implementação de respostas de saúde no Distrito, “existe um clima de desconfiança em relação ao Hospital da Guarda, alimentada por sucessivos exemplos de grosseiros erros médicos, praticados em vários munícipes” o que origina, segundo estes, um sentimento de “insegurança” na população do Concelho.
Trancoso quer a mesma solução de Aguiar da Beira
Os deputados municipais de Trancoso reclamam para o seu concelho, a mesma atitude que vai ser tomada com Aguiar da Beira e, possivelmente, com Foz Côa. “O concelho vizinho de Aguiar da Beira irá ser integrado na rede de respostas de saúde de Viseu, consta-se que o mesmo vai acontecer com o concelho de Foz Côa” lê-se na Moção.
A Assembleia Municipal de Trancoso refere então que, “na defesa dos direitos dos munícipes que representa” entendeu propor e aprovar uma Moção, para solicitar ao Ministério da Saúde a inclusão do concelho de Trancoso na futura Unidade de Saúde de Viseu.
Câmara comunga da decisão da Assembleia
O presidente da Câmara de Trancoso, Júlio Sarmento, concorda com o teor da “Moção Sobre Saúde” por se mostrar em “defesa dos interesses dos municípios que representa”.A Moção é vista por Júlio Sarmento como “a pedrada no charco para o imobilismo que se passa na Guarda que se vê de braços cruzados, derrotada”.
O problema da Saúde na Guarda, segundo este, não passa apenas por melhores instalações do Hospital da Guarda, cujo projecto de construção de um novo já deve estar concluído. “O problema não é só da construção civil. É de requalificar a Urgência, criar novas valências, mais e melhores meios humanos, melhores meios auxiliares de diagnóstico, o que vai muito para além da construção civil”, afirma o autarca.
Júlio Sarmento considera mesmo que “como há uma completa falta de critério em questão de saúde, do ponto de vista territorial, como há um atraso e redução da capacidade reivindicativa da Guarda e falta coordenação territorial” a Câmara de Trancoso, dando seguimento à deliberação da Assembleia Municipal, já comunicou à Administração Regional de Saúde do Centro o seu “não” a qualquer agrupamento que venha a ser criado “quer na Guarda ou Pinhel ou em outro qualquer local, e à Unidade de Saúde Guarda”.
O presidente da Câmara de Trancoso afirma assim que a Moção da Assembleia Municipal é “mais do que uma provocação”, classificando a atitude tomada por este Órgão como “uma chamada de atenção para a Guarda e para a sua capacidade reivindicativa, que não deve ficar de braços cruzados e, sobretudo, representa um real defesa dos direitos constitucionais à Saúde dos munícipes de Trancoso”, criticando o Hospital da Guarda por “falta de resposta efectiva” onde, acrescenta, “a requalificação e melhoria tem sido sucessivamente adiadas perante as aspirações do Distrito por uma melhor e mais qualitativa saúde no distrito”.
Unidade Local de Saúde da Guarda já tem Conselho de Administração
A Unidade Local de Saúde da Guarda, criada em Setembro do ano passado pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos, conta desde o início deste mês com um Conselho de Administração constituído. Fernando Girão, que nos últimos três anos dirigiu os destinos do Hospital da Guarda, vai presidir a esta nova estrutura, que congrega o Hospital de Seia, e doze Centros de Saúde, albergando futuramente as Unidades de Saúde Familiar que se venham a ser constituídas.

Nova Guarda

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