A detonação de uma carga explosiva à passagem de uma patrulha militar no posto de controlo de Kissufim, a Sul da Faixa de Gaza, provocou hoje a morte de um soldado israelita. No mesmo sector, um palestiniano foi abatido por disparos de tanques e helicópteros de combate do exército do Estado hebraico, após nove dias de cessar-fogo.
Os primeiros episódios de violência desde o termo da operação militar israelita na Faixa de Gaza, a 18 de Janeiro, ocorreram às primeiras horas da manhã num dos sectores da fronteira entre Israel e o enclave administrado pelo movimento palestiniano Hamas. Uma patrulha do Tsahal (exército israelita) aproximava-se do ponto de passagem de Kissufim quando encaixou o impacto de uma explosão. Segundo a cadeia de televisão Al Arabiya, do Dubai, pelo menos um dos soldados israelitas morreu e outros três sofreram ferimentos. As informações sobre a causa da detonação são contraditórias. A televisão do Dubai referiu a instalação de uma carga explosiva no local, ao passo que a concorrente Al Jazeera, do Qatar, noticiou que a patrulha israelita foi atingida por uma granada de morteiro. Por sua vez, as chefias militares do Estado hebraico limitam-se a confirmar a explosão de uma bomba no lado israelita do posto de controlo de Kissufim, escusando-se a dar conta de quaisquer vítimas. As Forças de Defesa de Israel estão vinculadas a uma regra de censura que impede a confirmação de baixas antes da notificação das famílias dos soldados.
Após a explosão nas imediações do posto de controlo, helicópteros e carros de combate israelitas apontaram as miras a território palestiniano, abrindo fogo contra vários alvos. Um palestiniano de 24 anos, identificado como Anwar Al-Dreim, foi abatido pelos disparos dos militares israelitas, indicaram fontes do hospital Nasser, em Khan Younes, citadas pela France Presse. Ouvidos pela agência Reuters, alguns civis palestinianos da região de Kissufim adiantaram ter visto dois a três homens a encaminharem-se para a vedação da fronteira ao amanhecer. Pouco depois das 8h00, ouviram-se explosões e disparos. O aparente ataque contra a patrulha israelita ainda não foi reivindicado por nenhum dos grupos palestinianos que operam em articulação com o Hamas, nomeadamente os Comités de Resistência Popular e a Jihad Islâmica.
Os incidentes desta terça-feira vieram ilustrar a fragilidade das declarações unilaterais de cessar-fogo emitidas há mais de uma semana pelas autoridades israelitas e pelos responsáveis do Hamas. Por outro lado, podem pôr em causa as negociações mediadas pelo Egipto com o objectivo de instaurar uma trégua sustentável na região. Em 22 dias de operações militares em larga escala, morreram 1.330 palestinianos e 13 israelitas – dez efectivos do exército e três civis. A retirada das tropas do Tsahal destacadas para a ofensiva contra o Hamas foi concluída na véspera da tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos.
A erupção de violência em Kissufim tem lugar na véspera da primeira visita à região de George Mitchell, o homem que Barack Obama escolheu para assumir a linha da frente da diplomacia norte-americana no Médio Oriente. O Presidente dos Estados Unidos prometeu mandatar o novo emissário para uma missão que nenhuma das anteriores administrações, republicanas ou democratas, foi capaz de concluir: lançar as bases de uma paz duradoura de forma “vigorosa e consistente”. O primeiro périplo de Mitchell terá uma primeira escala no Cairo. Em seguida, o emissário norte-americano deverá ser recebido no quartel-general da Autoridade Palestiniana em Ramallah, na Cisjordânia. Jordânia e Arábia Saudita serão os derradeiros destinos.
Rtp
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