A OCDE prevê que no próximo ano Portugal vai ter 650 mil desempregados, o que representa mais 210 mil do que os contabilizados em 2007. Os dados que constam do relatório sobre as Perspectivas de Emprego 2009, revelam ainda que nos 30 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico o desemprego vai atingir os 57 milhões de pessoas.
Segundo os dados hoje divulgados Portugal vai chegar, ao último trimestre de 2010, com uma taxa de desemprego na ordem dos 11,7 por cento. Uma subida de 47,9 por cento face ao mesmo período de 2007. Em Dezembro de 2007, Portugal tinha 440 mil desempregados e uma taxa de desemprego de 7,9 por cento. No final de Junho de 2009, o número de desempregados em Portugal elevou-se 19 por cento, para 524 mil desempregados (mais 84 mil desempregados do que no quarto trimestre de 2007), com a taxa de desemprego a situar-se nos 9,4 por cento.
Portugal destaca-se nas medidas anti-crise
O relatório revela também que Portugal gastou uma média de 0,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em medidas e políticas activas de emprego especificamente direccionadas para o combate à crise. Portugal é, a seguir à Polónia, o segundo país que mais tem gasto em políticas activas de emprego. Em Dezembro, o Governo português lançou um plano de 12 medidas de apoio ao emprego que vão ter um custo de 58 milhões de euros, 300 dos quais sairão do Orçamento de Estado de 2009. Estas 12 medidas inserem-se num plano de combate à crise que prevê 29 medidas para incentivar o investimento e combater o desemprego. A OCDE revela ainda que na maior parte dos 30 países que integram a organização, os fundos adicionais direccionados para o mercado de emprego têm sido muito reduzidos. Destacando-se apenas Portugal, Polónia, Grécia, Espanha, Suécia e Japão.
80 por cento dos trabalhadores vive em risco de pobreza
Outro dos dados analisados no relatório sobre as Perspectivas de Emprego 2009 foi o risco de pobreza, e em relação a Portugal os dados revelam que 80 por cento dos trabalhadores portugueses, em idade activa, vive em risco de pobreza. Para a OCDE, o risco de pobreza é mais elevado em famílias em que só existe um empregado e com um filho, e em famílias com elementos em idade de reforma.
Desemprego pode atingir os 10 por cento nos países da OCDE
O relatório sobre as Perspectivas de Emprego 2009 prevê ainda que a taxa de desemprego nos países da OCDE aproximar-se dos 10 por cento, o que representa que no final de 2010, cinquenta e sete milhões de pessoas estarão sem emprego. Espanha, o país onde a taxa de desemprego é actualmente a mais elevada (18 por cento), mais do que duplicará no final de 2010, devendo atingir 4,5 milhões de desempregados e uma taxa de desemprego a rondar os 20 por cento nos finais do próximo ano. A Holanda, o país da OCDE com a taxa de desemprego é mais baixa (actualmente cifra-se nos 3,5 por cento) terá no final de 2010 uma taxa de desemprego de 7,6 por cento, com 679 mil desempregados.
OCDE deixa recomendações
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, Angel Gurría, apelou aos Governos para que tomem medidas. "É necessário haver políticas especiais concentradas no mercado de trabalho, para que possamos ter uma recuperação mais rápida", afirmou o responsável máximo da OCDE em conferência de imprensa. Segundo Angel Gurría, "acreditamos que estes dados se vão manter e vão afectar principalmente os grupos mais vulneráveis da população: os jovens, os imigrantes, os trabalhadores temporários e as mulheres". Nesse sentido, a OCDE deixa algumas recomendações como "apoiar os jovens que procuram colocação, aumentar a formação dos desempregados para que a sua contratação seja mais atractiva para as empresas e apoiar os esforços dos desempregados para obterem novo emprego".
Rtp
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