quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Maioria vê democracia pelo Mundo como objecto frágil

Um relatório apresentado nas Nações Unidas sublinha que a população mundial não sente liberdade para expressar opiniões políticas que não as oficiais. De acordo com o inquérito da União Inter-parlamentar, o apoio - que existe - à democracia como sistema de governo não é acompanhado pela vontade dos estados de respeitarem os seus princípios.

O estudo foi tornado público esta semana num acto simbólico que assinalou o Dia Internacional da Democracia, celebrado terça-feira. Refere o inquérito da agência das Nações Unidas que a maioria da população mundial considera que no seu país não se podem expressar opiniões políticas impopulares. Nesse sentido, de acordo com o inquérito da União Inter-parlamentar (UIP), os partidos opositores têm poucas oportunidades de expor as suas ideias e, apesar do grande apoio à democracia como sistema de governo, persistem dúvidas sobre o seu funcionamento prático e a vontade de os estados respeitarem os princípios dessa democracia.
Apesar de 86 por cento dos inquiridos ter considerado ser muito importante poder expressar posições políticas, apenas cerca de um quarto (24%) confirmou que no seu país pode exercer esse direito sem temer qualquer punição. Em 21 dos 24 países contemplados no estudo da ONU, a maioria dos inquiridos considera que os partidos da oposição não têm "uma oportunidade justa para expressar a sua opinião e procurar influenciar o governo". "A tolerância é o pilar do diálogo político e do pluralismo, ainda que isso esteja ausente em muitas sociedades, o que representa uma ameaça para a paz, desenvolvimento e segurança", considerou a representante da União Inter-Parlamentar na ONU, Anda Filip, durante a presentação deste estudo.
Dividido pelos resultados que dão razões "para nos animarmos mas também para nos preocuparmos", o presidente da UIP, Theo Bem Gurirab, sublinha que "há uma grande aspiração democrática no mundo como o único sistema de governo capaz de proporcionar progresso no campo das liberdades e dos direitos, na distribuição justa de riqueza e segurança".
Há no entanto a descrença entre a grande maioria da população mundial "de que a democracia funcione na prática", lamentou Gurirab. Foram 24 os países contemplados no inquériro.

A empresa WorldPublicOpinion, responsável pelo estudo, entrevistou 21 285 pessoas por todo o globo, passando pelos Estados Unidos, China, Indonésia, Índia, Brasil, Argentina e México. Numa mensagem emitida a propósito do Dia Internacional da Democracia, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, advertiu para os "formidáveis e numerosos" obstáculos à consolidação da democracia. "Restaurar ou constituir novas democracias, preservar as frágeis e melhorar a qualidade das democracias estabelecidas requer um compromisso e um trabalho intenso", advertiu Ban Ki-moon.

Rtp

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